Início na medicina e primeiros escritos de Hahnemann

“A notícia da morte de nosso pai irá tocá-lo tanto quanto tocou a mim. Estávamos os dois destinados a chorá-lo de longe.” (Auguste Hahnemann, irmão)


Em 1783, aos 28 anos, nasce sua primeira filha, chamada Henrietta como a mãe, ainda em Gommern. O afeto de Hahnemann por sua filhinha era muito grande, e para ela compôs uma canção de ninar:

“Durma filha, suavemente!

O passarinho amarelo canta no bosque;

Levemente ele pula sobre a neve e o gelo,

E dorme quieto nos galhos secos

– suavemente ele dorme.”

Em 1784, aos 29 anos, publica seu primeiro artigo criticando os médicos, chamado “Guia para curar profundamente as feridas antigas e as úlceras pútridas”. Nele, critica a sistemática cauterização cirúrgica das feridas. O artigo continha extensas referências à necessidade de medidas de higiene, que eram desconhecidas à época, e à importância de exercícios físicos. Termina o artigo afirmando que os pacientes ficariam melhor se não tivessem a assistência de um médico. Publica também alguns artigos médicos, condenando o uso de emplastros de chumbo ou de mercúrio, denunciando sua toxicidade. Em outros critica o abuso do álcool e do café, este último com muita veemência. Suas publicações são muito bem aceitas pelo meio médico, como atesta um elogio de um editor de um jornal médico, o Professor Baldinger: “O autor trata seu tema a fundo, corretamente. Mostra o lado nocivo dos tratamentos habituais e sugere melhores soluções.”

Neste ano, mudam-se para Dresden, que era uma cidade importante, a estadia preferida dos reis da Saxônia, era considerada a Florença do Elba. Lá recebe a notícia de que seu pai morrera, por uma carta de seu irmão mais novo, Auguste, que se tornara farmacêutico. “A notícia da morte de nosso pai irá tocá-lo tanto quanto tocou a mim. Estávamos os dois destinados a chorá-lo de longe.” Seu pai trabalhara até a morte aos 66 anos, como pintor de porcelana, mesmo com a visão muito enfraquecida. Foi enterrado em Meissen. Hahnemann escreveu em sua autobiografia: “Soube sempre distinguir entre o bem e o mal com tanta fineza e delicadeza, com tanta retidão, que isso foi para mim uma grande lição. Foi meu mestre. Sua concepção da origem do universo, da dignidade do homem e do seu destino marcava cada ato de sua existência. Eis aqui definido o verdadeiro fundamento da minha conduta moral.”

Hahnemann permanecerá em Dresden por 4 anos. Lá também atrai poucos clientes, contudo tem intensas atividades intelectuais e científicas. Através da Maçonaria, torna-se amigo do médico-chefe dos serviços públicos da cidade, o Dr. Wagner, que lhe pede para substituí-lo durante um ano em que esteve doente (31 anos). Assim, Hahnemann familiariza-se com os hospitais da cidade e interessa-se pelas questões de higiene da cidade. Passa a trabalhar como médico das prisões e médico legista. Conhece Lavoisier neste período, quando este visita Dresden.

Um outro amigo maçom, o conselheiro Adelung, chefe da Biblioteca do Príncipe, abre-lhe as portas da grande biblioteca da cidade. Neste período, Hahnemann escreve obras originais e realiza traduções, quais sejam:

Em 1786, aos 31 anos, escreve “Sobre o envenenamento pelo arsênico, seu tratamento e sua constatação do ponto de vista legal”.

Em 1787, aos 32 anos, traduz um livro do farmacêutico belga Van den Sande, sobre  pureza e adulteração de substâncias químicas, ao qual adiciona tantas informações derivadas de suas experiências químicas, que praticamente é um novo livro. Escreve “Critérios de pureza e de falsificação dos medicamentos”. Escreve sozinho 2 livros: “Dissertação sobre os preconceitos contra o aquecimento pelo carvão de terra. Como melhorar este combustível e sua utilização no aquecimento dos fornos” e “Sobre as dificuldades de preparar o álcali mineral pelo potássio e o sal marinho.”

Em 1788, aos 33 anos, escreve 4 obras: “Da influência de alguns gases na fermentação do vinho”, “Sobre os meios de detectar o ferro e o chumbo no vinho” (cujo método é utilizado até hoje para detecção de adulteração nos vinho para torná-lo mais doce), “Sobre a bile e os cálculos biliares”, “Sobre um meio eficaz de deter o processo de putrefação” (este último foi traduzido para o francês no ano seguinte e publicado em Paris no Jornal de Medicina.

Em 1789, aos 34 anos, publica um artigo sobre “Modo exato de preparação do mercúrio solúvel.”

Em 1790, aos 35 anos, outro artigo, “Exposição completa sobre a maneira de preparar o mercúrio solúvel”.

 

Estes livros e artigos tornam Hahnemann conhecido e respeitado na Alemanha e na Europa, mas trazem-lhe também inimigos. O trabalho sobre a toxicidade do arsênico leva à interdição dos remédios à base de arsênico, que eram tão usados para malária à época. Nesta obra, ele foi muito veemente, mostrando-se indignado contra “o degradante comércio de receitas que ofendem a terapêutica, essa ciência imitada de Deus.” Estes trabalhos demonstram a preocupação constante de Hahnemann com adulteração de substâncias, e esta preocupação seria a causa de sua eterna briga com os farmacêuticos. Os médicos, ele também os considerava cruéis, inescrupulosos e gananciosos, além de mancomunados com os farmacêuticos. Neste período, o interesse de Hahnemann é muito voltado para a química.

Já o mercúrio solúvel foi elaborado por Hahnemann no laboratório de seu sogro Häseler, em Dessau.

Enquanto escrevia esses livros, encontrou tempo para traduzir do inglês para o alemão o livro “História de Abelardo e Heloísa”, do inglês Barington, uma obra eminentemente romântica.

Aos 33 anos, nasce seu filho Frederico. A situação financeira continua difícil, sobrevive com os poucos clientes e o dinheiro ganho com traduções e publicações de seus livros. Em 1788, aos 33 anos, seu amigo Dr. Wagner, mal recuperado de sua doença, morre e Hahnemann concorre à sua sucessão, contudo é preterido pelo Dr. Eckhardt, mais velho e residente há longo tempo na cidade. Um ano depois o Dr. Eckhardt falece, mas Hahnemann decide não concorrer à sua vaga, acreditando que suas chances são mínimas.

Decide então deixar Dresden e mudam-se para Leipzig, aos 34 anos, após o nascimento de uma segunda filha, Guilhermina. Seus filhos, como ele próprio em sua infância, têm a saúde delicada, o que piora a situação financeira. Henrietta tricotava praticamente todas as roupas da família. Leipzig era uma próspera cidade industrial, com uma vida médica intensa, e chegam à cidade em 28 de setembro de 1789, dia de São Miguel.

O ano de 1789 foi marcado pela Revolução Francesa, que afetaria todo o continente europeu. E Leipzig era uma importante cidade da Europa Central, constituindo um centro econômico e cultural de monta. Era conhecida como “a cidade do livro”. Hahnemann reencontra sua primeira faculdade, que deixara há 13 anos, e torna-se assíduo freqüentador de sua biblioteca.

Faculdade, início da vida adulta e casamento de Hahnemann

Posso testemunhar por mim mesmo, que também em Leipzig eu pratiquei uma das máximas de meu pai, de nunca ser um ouvinte passivo.”

Este trabalho paralelo foi possível pelo seu conhecimento de diversas línguas. Ele deu aulas particulares de francês e alemão para um jovem grego muito rico. Também traduzia livros do inglês para o alemão. Só em Leipzig ele traduziu quatro livros do inglês para o alemão. Com as traduções, além de ganhar dinheiro, havia um ganho de conhecimento médico. Nesta época, Hahnemann começa a praticar atividades físicas regulares, como caminhadas, para suportar a pressão mental. Este hábito ele manterá até os seus últimos dias.

Também em Leipzig, Hahnemann só assistia às aulas que ele considerava importantes para seus propósitos, mesmo tendo conseguido um passe livre para todas as aulas e palestras de todos os professores de medicina de Leipzig, graças à indicação do Dr. Bergrath Pörner, um renomado médico local que admirava sua inteligência e seus esforços para tornar-se médico, e que havia sido alertado sobre os dotes de Hahnemann pelo Reitor Müller. Contudo, a Faculdade de Medicina de Leipzig, apesar de ser a mais renomada da Alemanha à época, não dispunha de um hospital-escola, onde os alunos pudessem aprender supervisionados pelos seus professores, e isto decepcionou muito Hahnemann, que passou a ler muito mais do que assistir aulas. Um professor de Leipzig que ele admirava muito era o Professor Johann Zeune, a quem ele dedicou um poema em latim

Aos 21 anos, em 1776, Hahnemann decide mudar-se para Viena, onde freqüentava o Hospital dos Irmãos de Misericórdia em Leopoldstat, sob a direção de Dr. Von Quarin, que era o médico particular da Imperatriz Maria Teresa e do Imperador José II. Para esta mudança ele precisou de dinheiro, e relata em sua autobiografia que “uma piada de mau gosto” retirou-lhe boa parte do que economizara em seus dois anos em Leipzig, podendo ter sido roubado ou não ter sido pago por algum amigo que tenha lhe tomado dinheiro emprestado, contudo ele não menciona aquele que perpetrou este desfalque, preferindo perdoá-lo. Com muito pouco dinheiro ele empreendeu esta viagem para Viena, e lá não contava com nada para sua subsistência.

Estes obstáculos não o demoveram de suas decisões, e já em Viena, o Dr. Von Quarin admirou seu entusiasmo e tornou-se seu amigo e demonstrou esta admiração levando-o junto para visitar seus pacientes particulares, regalo que nenhum outro pupilo alcançara, e assim Hahnemann obteve os ensinamentos tanto teóricos quanto práticos que perseguia, mesmo sem poder pagar um centavo a seu tão dedicado tutor.

Após nove meses, as dificuldades financeiras cada vez mais impactantes, já que não tinha nenhuma atividade colateral em Viena por absoluta falta de tempo, veio a seu socorro o próprio Dr. Von Quarin, que o indicou para o Governador da Transilvânia, o Barão Samuel von Bruckenthal, que o contratou para organizar sua biblioteca e valiosa coleção de moedas, e atuar como médico de sua família. Mudou-se então para a Transilvânia após tão breve estada em Viena, mas deve ao Dr. Von Quarin todo o renome que alcançou posteriormente. Chegou lá aos 22 anos e logo ingressou na Maçonaria. Lá começou a atender como médico, embora ainda não estivesse formado, e tratou de muitos casos de malária, endêmico na região, tendo sido acometido por ela também neste período, tendo sido tratado com o pó de quinquina, que lhe causou violentos ardores estomacais.

Aos 23 anos, morando em Hermannstadt, Transilvânia, aproveitou para aprender as línguas locais, além do alemão, quais sejam, romeno e húngaro e umas variedades de eslovaco misturadas. Também dedicava-se ao estudo de outras línguas, e já dominava o Alemão, o Francês, o Inglês, o Espanhol, o Latim, o Grego, o Romeno, o Húngaro e o Hebraico ao deixar Hermannstadt.

Aos 24 anos, após 1 ano e 9 meses aí residindo, voltou à Alemanha para concluir seus estudos de Medicina. Sua estada na Transilvânia proporcionou-lhe os meios financeiros para tal empreitada. Hahnemann escolheu a faculdade de Erlangen, de muito menor reputação do que Leipzig, mas muito mais acessível financeiramente. Outro motivo para escolher Erlangen deve ter sido por esta ser uma das novas Universidades criadas sob a inspiração do movimento cultural chamado ‘Iluminação’, que respeitava a liberdade de opinião e de ensino, estimulando o espírito crítico entre os seus alunos. Certamente, esta Universidade era mais condizente ao espírito inquieto e independente de Hahnemann. Apresentou a monografia intitulada “ Uma visão das causas e tratamento das cólicas”, e depois agradeceu aos seus pais, ao Reitor Müller, ao Dr. Von Quarin, e ao Barão Von Bruckenthal.

Hahnemann permanece um ano em Erlangen, aperfeiçoando seu aprendizado. Aos 25 anos, busca sua primeira instalação como médico, e decide-se pela região da sua Saxônia natal, numa pobre cidade mineira de quatro mil habitantes chamada Hettstedt, chegando lá aos 25 anos. Como muitos habitantes adoeciam devido à manipulação do cobre das minas, Hahnemann traduz um livro sobre as propriedades do cobre e suas intoxicações. Por estar numa cidade com uma população tão pobre, seu consultório permanece vazio, e Hahnemann preenche seu tempo livre escrevendo artigos médicos, um em especial sobre a sífilis, que é publicado no jornal Observações Médicas de Krebs, tornando-o conhecido no meio médico. Aproveita também o tempo livre para estudar mineralogia e química, sendo que este último era o assunto que mais crescia na Europa de então, desde os trabalhos de Van Helmont e Boyle no final do século XVII.

Aos 26 anos, acossado pela necessidade, deixa Hettstedt e instala-se em Dessau, na mesma região, porém muito mais rica e com uma vida cultural importante, com teatros e salas de concerto.

Sua clientela foi gradativamente crescendo, junto aos seus estudos de química, que o levam a conhecer um importante farmacêutico da cidade, chamado Häseler, dono de uma bela farmácia localizada no centro da cidade. A farmácia, à época, era o segundo principal local(só ficando atrás das tabernas) onde os homens reuniam-se para conversar sobre negócios, política e outros assuntos, nas cidades da Europa. Junto à farmácia ele mantinha um laboratório de química, para o qual convidou Hahnemann para freqüentar e participar de suas experiências químicas. Cabe lembrar que nesta época a química era profundamente ligada à alquimia, e foi este farmacêutico que o iniciou nesta arte e ciência. Posteriormente Hahnemann introduziu na farmacopéia homeopática remédios derivados destas experiências alquímicas, como o Mercurius vivus, o Hepar sulphur e o Causticum.

Häseler, seu amigo farmacêutico, é padrasto de uma linda jovem de cabelos negros e grandes olhos castanhos, chamada Johanna Leopoldina Henrietta, nove anos mais nova que Hahnemann, ou seja, 17 anos nesta época. Henrietta era herdeira de seu pai, que também fôra farmacêutico. Hahnemann apaixonou-se por ela, e como ainda não desfruta de uma vida confortável financeiramente, busca novos meios de subsistência, pois não admite ser sustentado pela esposa ou pelos sogros. Häseler o indica para um posto de médico higienista numa cidade a quarenta quilômetros de Dessau, chamada Gommern, onde receberia um salário modesto, mas fixo, e poderia abrir um consultório nesta cidade. Gommern era pouco populosa, cerca de mil e quinhentos habitantes, mas era uma cidade próspera devido à agricultura e pecuária.

Em Gommern, a clientela também não aparece, e Hahnemman não consegue ganhar a vida. Contudo ele permanece aí e casa-se com Henrietta em 1782, aos 27 anos, em Dessau, e a leva para sua casa, que não é nada confortável. Seus sogros não apreciam muito o casamento, e Häseler fez um comentário a amigos, “ninguém casa-se com um sujeito esquisito como este!”. Um de seus presentes de casamento mais queridos foi um leque de marfim, exibindo uma cena de família, pintado pelo seu próprio pai, que Hahnemann ganhou um mês antes do casamento ao visitar seus pais.

Sua clientela é escassa em Gommern, e seu tempo livre é dedicado ao estudo da medicina e às experiências químicas com Häseler. Retoma as traduções, e dedica-se a traduzir alguns importantes livros técnicos de química, que ajudaram a impulsionar a indústria química na Alemanha. Suas traduções são acrescidas de correções técnicas e anotações pessoais.

A juventude de Hahnemann

O Reitor, Mestre Müller, amava-me como se eu fosse seu próprio filho.”

Aos 15 anos, passou a estudar na Escola do Príncipe, por um especial convite do Reitor Müller, que transferiu-se para lá e arranjou para que Hahnemann não pagasse nada. O lema da escola, escrito logo no portão de entrada era ‘Sapere Aude’ (ousa saber), e depois Hahnemann o usaria na capa do Organon, seu mais importante escrito, a partir da segunda edição. Seus professores reconheciam seu talento e dedicação, não lhe cobrando tarefas escritas ou cópias, e deixando que ele só assistisse às aulas que considerava importantes para sua formação. Ele não era interno na escola, e dormia na casa do reitor, a quem ajudava nas correções de lições.

Formou-se na Escola do Príncipe aos 20 anos, tendo apresentado uma dissertação em latim, como era costume na época, intitulada “A Maravilhosa Construção da Mão Humana”. Após sua apresentação, expressou sua gratidão à ajuda e suporte recebidos em seus anos de estudo do Reitor Müller e dos outros professores, de seus pais e de seus irmãos. Este agradecimento foi feito através de um poema que ele escreveu em francês, sendo ovacionado pelos presentes à formatura ao retirar-se do púlpito em direção às cadeiras para juntar-se aos seus pais.

Ainda aos 20 anos ingressou na Universidade de Leipzig, e daí em diante afastou-se praticamente completamente de sua casa paterna, só tendo tido oportunidade de voltar uma vez, e depois nem para as festividades. Seus anos de estudo sempre foram marcados pela dedicação de muitas horas sobre os livros e pelo trabalho paralelo para custeá-los.

Christian Friedrich Samuel Hahnemann

A vida de Hahnemann comporta algumas peculiaridades que devem ser observadas antes de descrevê-la pormenorizadamente. Em primeiro lugar, Hahnemann viveu mais de 88 anos, o que era extremamente raro no século XVIII. Ele nasceu em 1755 e faleceu em 1843, tendo passado a maior parte deste tempo na Alemanha, que não era um país unificado, mas um amontoado de cidades-estado que frequentemente enfrentavam-se em disputas de poder, e que depois foram todas dominadas por Napoleão e seu exército. Nos últimos anos de sua vida ele desfrutou da fama e expandiu o nome da Homeopatia em Paris, à época a cidade mais importante culturalmente no mundo, o farol para onde todas as mentes em busca de conhecimento e novidades voltavam-se avidamente.

Esta é a história de um homem que criou uma ciência de curar eficaz, rápida e segura, partindo unicamente de fatos, os quais ele observava atentamente para só depois deles extrair hipóteses e teorias. É a história de um homem obstinado, quase arrogante, que não se curvou ao senso comum nem para evitar a fome sua e de sua numerosa família. Um homem que defendeu arduamente o ideal de curar sem prejudicar, contra uma classe médica irada que não podia aceitar que este médico de origem humilde fosse ensinar-lhes uma nova arte e ciência de curar. Um homem que até seus últimos dias cuidou de aprimorar seu legado maior à Humanidade, a Homeopatia. Hoje a Homeopatia sobrevive e expande-se pelo mundo todo, mas nada disso teria ocorrido se seu visionário fundador tivesse sido mais complacente com seu pares da época. O ódio que os seus opositores lhe nutriram abertamente em vida, hoje foi amplamente sobrepujado pelo amor e gratidão de milhões de médicos homeopatas e pacientes beneficiados pela Homeopatia.

Eu sou grato em primeiro lugar por ser um médico homeopata e, em segundo lugar, por ter tido a oportunidade de fazer este estudo da vida deste grande mestre da humanidade, um homem muito à frente do seu tempo, talvez à frente até do nosso tempo, que captou a essência da matéria e a entregou a nós todos de forma metódica para que possamos perpetuar seu trabalho de trazer saúde verdadeira a nossos irmãos e irmãs que sofrem as mais diferentes mazelas do corpo e da alma. Em sua lápide ele mandou escrever: Non inutilis vixi (Não vivi em vão). Como se houvesse alguma dúvida… Muito obrigado, Christian Friedrich Samuel Hahnemann.

Marcelo Guerra

São Gonçalo, com ajuda de Fernando Pessoa

Cheguei, finalmente, à vila da minha infância

Desci do comboio, recordei-me, olhei, vi, comparei

(tudo isto levou o espaço de tempo de um olhar cansado)

Tudo é velho onde fui novo.

(…)

Essa vila da minha infância é afinal uma cidade estrangeira.

Sou forasteiro, tourist, transeunte

É claro: é isso que sou.

Até em mim, meu Deus, até em mim.

Curso de Biografia Pessoal em Juiz de Fora

ATENÇÃO: NOVO LOCAL!!!!

A Pesquisa Auto-Biográfica permite olhar para a própria história e expressá-la de diferentes maneiras (falando, escrevendo, pintando, dançando), ver o trajeto que percorremos na vida, como se olhássemos para a própria biografia do alto de uma montanha, o que traz uma visão panorâmica do sentido. E agora, para onde vou? Como corrijo o percurso para reencontrar o sentido da minha história? Quando sigo o fluxo do sentido, encontro paz interior, mesmo que tenha mais trabalho.

A síntese da programação é a seguinte:

  • informação sobre as fases da vida, as leis biográficas;
  • contato com o próprio corpo: danças circulares;
  • contato com o inconsciente: atividades artísticas (aquarela e colagem, a princípio), conto de fadas;
  • reflexão individual: a escrita da vida;
  • reflexão em grupo: contando a própria história;
  • eu hoje: identificando a minha pergunta;
  • pensando o amanhã: projetando metas para a minha vida.

Coordenação:

  • Rosângela Cunha

Psicóloga, Gestalt-terapeuta e Terapeuta Biográfica

  • Marcelo Guerra

Médico Homeopata e Terapeuta Biográfico

Onde e quando? Novo Local:

Em Juiz de Fora, na Pousada Lago das Pedras, de 19 a 22 de agosto de 2010.

Quanto?

R$1050,00 ou 4XR$262,50

A inscrição é efetivada com o depósito da 1ª parcela.

Escreva para rosangela@terapiabiografica.com.br ou marceloguerra@terapiabiografica.com.br para mais informações. Ou ligue para falar com um de nós:

(32)8887-8660, (21)7697-8982

Observação:

Para as pessoas que residem no Rio de Janeiro, este é o de mais fácil acesso, pois há ônibus saindo da Rodoviária Novo Rio para Juiz de Fora pela Viação Útil.

Devido à intensidade do trabalho e da necessidade de supervisão durante todo o período do curso, as VAGAS SÃO LIMITADAS.


Workshops de Terapia Biográfica em abril e maio

Existem várias formas de iniciação, baseadas em ensinamentos de diversos mestres e tradições, mas nenhuma tão sensível a realizar mudanças em nossas vidas quanto a compreensão da própria biografia. Este é o significado de “resgatar o passado”, obter o entendimento da história que vivemos até agora, para perceber que o nosso comportamento hoje é determinado em grande parte por esta história, que não pode ser mudada, mas compreendida. Neste ponto, o momento presente deixará de ser governado por padrões de comportamento nem sempre agradáveis.
Viver o presente muitas vezes pode significar repetir padrões criados no passado. Esses padrões são inconscientes e geralmente nos damos conta deles justamente quando olhamos para trás. Vemos várias situações que, no momento em que aconteceram, pareciam tão originais, revelarem-se as mesmas, mas com personagens diferentes. Resgatar o passado é justamente tirar a sua vida de lá e trazê-la para o presente, deixando de ser refém do que passou, repetindo padrões que já não cabem mais.
A Terapia Biográfica enfatiza a responsabilidade pessoal pela própria vida. Longe da ideia do “homem que se faz sozinho”, mostra que é preciso também reconhecer as ajudas que recebemos (mesmo quando elas vieram disfarçadas de obstáculos no caminho). Devemos ter consciência do que conquistamos por nossas iniciativas.  Desta maneira, a sua própria história torna-se o seu grande mestre. E assim você pode viver o agora plenamente!
É preciso perceber e separar os galhos da árvore da sua vida que ainda podem frutificar daqueles que precisam ser podados, para que o restante da árvore readquira o vigor. A Terapia Biográfica ajuda nesse processo. Ela é fruto dos tempos em que vivemos, em que cada um de nós busca compreender-se melhor como indivíduo e afirmar seu papel na comunidade em que vive.
A síntese da programação é a seguinte:
  • informação sobre as fases da vida, as leis biográficas;
  • contato com o próprio corpo: danças circulares;
  • contato com o inconsciente: atividades artísticas (aquarela e colagem, a princípio), conto de fadas;
  • reflexão individual: a escrita da vida;
  • reflexão em grupo: contando a própria história;
  • eu hoje: identificando a minha pergunta;
  • pensando o amanhã: projetando metas para a minha vida.

Coordenação:

Rosângela Cunha

Psicóloga, Gestalt-terapeuta e Terapeuta Biográfica

Marcelo Guerra

Médico Homeopata e Terapeuta Biográfico
Formados pela  Escola Livre de Formação Biográfica de Minas Gerais
(Membro do International Trainers Forum em conexão com a General Anthroposophical Section of the School of Spiritual Science do Goetheanum – Dornach/Suiça.)

Locais, datas e preços:(Os preços incluem hospedagem em quartos individuais, com alimentação completa durante o período do workshop, os materiais utilizados, os custos com divulgação e os honorários dos coordenadores.)

Em Itatiba (SP), na Fazenda Pereiras, de 29 de abril a 2 de maio de 2010.

R$900,00 ou 4XR$225,00
Preço especial para quem se inscrever até 15 de março de 2010: R$800,00 ou 4X R$200,00

Em Juiz de Fora, no Seminário da Floresta, de 13 a 16 de maio de 2010.

R$1050,00 ou 4XR$262,50

Preço especial para quem se inscrever até 28 de fevereiro de 2010: R$800,00 ou 4X R$200,00

Preço especial para quem se inscrever até 15 de abril de 2010: R$900,00 ou 4X R$225,00

Escreva para rosangela@terapiabiografica.com.br ou marceloguerra@terapiabiografica.com.br para mais informações. Ou ligue para falar com um de nós:

(11)6463-6880, (21)7697-8982 ou (22)9254-4866, Marcelo
(32)8887-8660 ou (31)8532-2217, Rosângela
VAGAS LIMITADAS A 10 PARTICIPANTES POR WORKSHOP
Reservamo-nos o direito de não oferecer o workshop, caso não haja número mínimo de inscritos.

O MESTRE ECKHART: MÍSTICA E ESCOLÁSTICA

Mestre Eckhart
Também na alta escolástica, espiritualidade do intelecto e do coração — a mística, andam juntas. E esta não é, como muitas vezes se crê, um domínio totalmente diferente, mas algo de conexo e aparentado. Assim, se as Sumas desenvolvem mais largamente só o método racional, isso o foi por motivos didáticos e não significa não fosse possível, na realidade, uma unidade viva entre pensamento conceptual e sentimento religioso. Exatamente com Echardo, o místico por excelência, pode-se ver como “’escolástica. e mística em substância concordam” (B. Seeberg). Para conhecermos a escolástica devemos conhecer Echardo, e para conhecermos Echardo é mister conhecer a escolástica.

V i d a

Mestre Echardo (Meister Eckhart — 1260-1327), originário dos Echardos de Hackheim, foi membro da ordem dominicana, estudou em Paris, veio a ser Mestre em teologia, ocupou mais tarde uma posição de relevo na sua ordem visitando, por isso, vários conventos. Nessa ocasião fez aquelas prédicas que o celebrizaram e contribuíram para o desenvolver-se de um novo movimento místico. Por curto tempo ensinou em Paris e, ao fim de sua vida, também em Colônia. Nos últimos anos levantaram-se dúvidas sobre a ortodoxia, em matéria de fé, dos seus escritos. Eram procedentes, parte, dos franciscauos, parte, da sua própria ordem. O arcebispo de Colônia dirigiu o processo eclesiástico contra ele. Echardo defendeu-se e apelou ao Papa (o escrito da defesa foi descoberto e é rico de informações sobre a conduta do Mestre). Dois anos depois da sua morte teve, não obstante o processo, lugar a condenação de 2S teses da sua doutrina. A Igreja na sua sentença reconheceu expressamente ter sido o Mestre bona fide Nenhuma resistência ofereceu Echardo contra a Igreja.   No  escrito  da sua defesa  está dito:   “Tudo quanto nos meus escritos e palavras é falso, sem ter eu disso ciência, estou sempre pronto a ceder a um melhor sentido… Pois errar posso eu, mas ser herege, isso não o posso; pois errar é do intelecto, mas ser herege é por vontade”.

Obras

A maior parte das obras de Echardo são em latim e versam questões teológico-filosóficas. A obra principal é o incompleto Opus tripartitum. Vêm depois as Quaestiones Parisienses. Muita cousa ainda está inédita. Enquanto não se publicar tudo não se pode fazer juízo definitivo sobre Echardo. Entre as obras em alemão se colocam em primeiro lugar as suas Prédicas. Conservam-se em cópias. — Edições: J. Quint, Die Überlieferung der deutschen Predigten Meister Eckharts (1932). A edição de Pfiffer (1857) é defeituosa. A tradução von Büttner é reconhecidamente má. Em via de publicação: Magistri Echardi. opera latina. Ed. Instit. S. Sabinae in urbe, Leipzig (1934 ss.); e Meister Eckhart. Die lateinische und deutschen Werke, Ed. feita por ordem da Deutsche Forschungsgemeinschaft, Stuttgart (1936 ss.).

Bibliografia

O. Karrer, Meister Eckart. Das System seiner religiösen Lehre und Lebensuceisheit. Textbuch aus den gedruckten Quellen, mit Einführimg (1926). M. Grabmann, Neu aufgefundene Pariser Quaestionem Meister Eckharts und ikre Stellung in seinem geistigen Entwicklungs-gange. (Abhandlugen der Bayr. Akad. der Wissenschaften, München, 1927). G. Della Volpe, II misticismo speculativo di maestro Eckhart nei suoi rapporti storici (1930). Al. Dempf, Meister Eckhart (1934). Herma Piesch, Meister Eckharts Ethik (1985). W. Bange, Meister Eckarts Lebre vorn gòttlicheii und geschopflichen Seiti (1987). H. Eeelixg, Meister Eckharts Mystik (1947). Studien num Mythus des 20. Jahrhunderts   (1934).

a)    Bases   espirituais

?) Neoplatonismo. — É necessário, sobretudo com Echardo, indicar as bases do seu pensamento. É, primeiro, o neo-platonismo e o seu círculo de idéias, como Echardo o recebeu dos  Padres,  sobretudo  de  Agostinho,  do  PseudoDionísio,  de Máximo Confessor; e, depois, de Eriúgena, da escola de Chartres, da filosofia árabe, do Liber de causis, do de intelligentiis e, mais que tudo, de Alberto e da sua escola.

?) A escolástica. — Mas tão decisivo, ao menos, para o pensamento de Echardo é a teologia escolástica, principalmente Tomás de Aquino. Basta lançar um olhar sobre os lugares aduzidos no Textbuch de Karr, para logo verificar essa influência, pelas muitas citações de Tomás. Também o Comentário das Sentenças, reeém-descoberto por .T. Ivoch, move-se nessa mesma linha. Muita cousa, que intérpretes mal informados de Echardo tomaram como panteísmo e arrogância nórdica, é patrimônio da doutrina escolástica da Trindade, da graça e da especulação sobre o togou que, passando pelos Padres, se estende até Pilo Judeu.

?) A mística. — E finalmente Echardo vive da mística, dos Victorinos, de Roberto de Deutz, Bernardo de Claraval. Também daquela coerente mística que, nos claustros alemães dos sécs. 12 e 13, constituíram um intensíssimo movimento espiritual, e de que são representantes notáveis Hildegarda de Bingen, Gertrudes a Grande, Matilde de Magdehurgo, Matilde de Hackeborn e outras. Conforme o mostra o projeto de reforma franciscana, no concilio lugdunense de 1274, esses círculos místicos sempre se ocuparam com a especulação escolástica. A influência de Echardo, nos claustros de religiosas, não foi a única a propulsionar essas aspirações. Sabemos, pelas obras dos místicos alemães, recém-descobertas por Grabmann, que também João de Sterngassen, Gerardo de Sterngassen, Nicolau de Estrasburgo e as suas místicas se fundam em Tomás. Aqui a escolástica, que penetra essa mística, não é, como se pensou, um “rolo laminador que esmagou o sentido religioso até laminá-lo e extingui-lo”.

b)    Deus

?) Deus como pensamento puro. — Na doutrina de Deus Echardo sobretudo põe em relevo que, sobre Deus, sempre devemos dizer antes o que ele não é, que o que é. Por isso o designa como puro de qualquer elemento criado. Como o diria um absoluto idealista? Mas também Aristóteles, que Echardo conhece muito bem, assim caracterizou Deus; e Tomás diz igualmente que em Deus intelecto e essência se identificam; e para Alberto Deus é o intellectus universalites agens, produzindo, como tal, a primeira Inteligência. Donde o poder dizer Echardo, como o prólogo do Evangelho de S. João, que, pelo Verbum, que é um verbum mentis, tudo foi feito. Por onde se vê que as atribuições da teologia negativa, como já o tinha percebido o PseudoDionísio, encerram contudo um conhecimento de valor positivo.

?) Deus como plenitude do ser. — Deus é, assim, a plenitude do ser; todo ser dele procede. “É sem dúvida o terem dele o ser todos os seres, como tudo quanto é branco pela brancura o é” (Qu. Par. pág. 11, Meiner). Ou: “Deus tudo criou, não no sentido de as criaturas existirem fora ou ao lado dele, como se dá com as obras dos artífices; mas Deus chamou todas do nada, do não-ser, para o ser, de modo que todas nele o achassem, recebessem e tivessem”’ (1. c. 16).

??) O ser como idéia. — Agora vemos em que sentido Deus é a plenitude do ser: ele encerra as idéias de todos os seres; criando-os, cria o ser e, em tanto, é imanente ao ser. Aqui revive a velha doutrina das Idéias, mas sem ter a imanência nenhuma acepção panteísta. As Idéias existem por participação e é muito exato que o ser colocado no espaço e no tempo o é por participação. Pelo que acaba de ser dito se conclui que Deus é pensamento e pensar, não ser; pois, é o Logos, expressivo das idéias, ao passo que “ser” deve designar o criado. Mas se se tomar o “ser” pela essência metafísica, pela Idéia das cousas, então Deus, como a origem e a plenitude das Idéias, é o ser absoluto e, nesse sentido, Echardo designa Deus como o ser (1. c. 7, 17).

??) As Idéias e o Filho de Deus. — O pensamento predileto de Echardo é o de identificar as Idéias com o Filho de Deus. “Ele é o Verbo do Pai. Com a mesma palavra o Pai se exprime a si mesmo, toda a natureza divina e tudo o que Deus é, assim como o conhece e o conhece tal como ele é… Exprimindo o Verbo, exprime-se a si mesmo e todas as cousas numa outra Pessoa e lhe dá a mesma natureza que ele já tem; e exprime todos os espíritos dotados de razão, nesse verbo, como a imagem, i. é. o, de conformidade com a Idéia, essencialmente igual, na medida em que a imagem e interior, imanente”  (1. Pred., ed. Quint, pág. 15, 9).   Aqui há um certo vacilar do pensamento; pois Eckhardo, continuando, acentua fortemente o ser criado da Idéia, a sua “iluminação”, portanto a sua participação. (Também no Areopagita o pensamento da participação serve para exprimir o ens ab alio). Mas o Filho, segundo a teologia de Echardo, não pode ser criado. Ora, tomando-se a filiação das Idéias literalmente, como os teólogos escolásticos estavam habituados a fazê-lo, surge logo o perigo de dissipar-se a distinção entre Deus e o mundo. Mas talvez não se deve tomar em sentido literal o que foi intencionado apenas como imagem e com o fim especial de o tornar sensível.

?) A existência de Deus. — Podemos tocar com as mãos o platonismo cristão do nosso Mestre, quando indaga se Deus existe. A sua resposta é a seguinte: “O ser é o ser de Deus” (esse est essentia Dei sive Deus; igitur Deum esse, verum aeternum est; igitur Deus est: Quaest. Par.; pág. 14, 1 ss.). Assim como as cousas brancas não são brancas sem a brandira, assim as cousas existentes não existem sem Deus (13, 10). Sem ele o ser seria nada. Ainda uma vez, isto não é panteísmo, mas a aplicação ao mundo existente da idéia da ???????. Mas como? De um lado adverte Echardo, apoiado na teoria das Idéias, que as cousas existem em Deus e Deus nelas, só quanto ao seu ser “essencial”, i. é, ideal, exemplar. Mas agora ouvimos que também o ser espácio-temporal participa de Deus; pois, quando fala da existência é isso o que pensa. Mas de fato não é assim; mas então de novo faz ele realçar nas cousas o ser essencial, ideal ou propriamente ser e, neste sentido, Deus lhes é imanente. Vê ele o mundo com os olhos de Platão. E quando pensa no ser colocado no espaço e no tempo, como tal, dá-lhe então claramente o nome de criatura, e esta é “mortal”.

c)    O    bem

?) Fim da Ética. — Echardo revela bem o que é quando vem a tratar de questões éticas. O que neste domínio ensina é uma doutrina da perfeição cristã; e o que aí sobretudo lhe importa é impregnar a vida desse ideal, a tal ponto, que se torna por sua vez gerador de vida. Quer ele ser mestre não de ler, mas de viver. A prática lhe é mais importante que a teoria.    “Assim, é melhor dar de comer a quem tem fome, do que entregar-se a uma prolongada contemplação interna. E fosse alguém arrebatado como S. Paulo e soubesse de um doente necessitado do seu auxílio, eu julgaria muito melhor que deixasse por amor o êxtase e servisse o necessitado com amor tanto maior”. O seu pensamento é aqui uníssono com o do seu grande confrade Tomás de Aquino: “S. Tomás ensina que sempre o amor ativo vale mais que o contemplativo, quando o amor ativo dissemina o que colheu na contemplação” (Karrer, 1. c. 390 ss.).   A ética de Echardo obedece ao lema —   “unidade com o ser uno”. Isto quer dizer participação amorosa e cognitiva do supremo bem e da sua perfeição. Praticamente significa conformidade do nosso pensamento e vontade com Deus. Evidentemente, por amor do supremo bem e da perfeição objetiva como tal. Echardo é um moralista de intenção normativa e não precisa ser purificado da tacha de nenhuma moral interessada.

?) Via para a perfeição. — A via para esta unidade é a do nascimento de Deus no homem. Esta idéia muitas vezes versada é a idéia central de toda a filosofia do Mestre. Podemos distinguir um duplo nascimento.

??) O nascimento de Deus como morada do Espírito Santo. — Uma não é outra, senão o que a teologia escolástica sempre denominou a habitação do Espírito Santo na alma do justo. A doutrina da graça já tinha, apoiada na Bíblia, assinalado que a graça de Cristo nos torna filhos de Deus, templos do Espírito Santo, onde Deus tem a sua morada; a expressão para o significar, de que agora Echardo se serve é “ser nascido”. Como este nascimento de Deus constitui uma doação e uma graça, não pode haver aqui nada de panteísmo.

??)    A geração  de Deus como geração íntima trinitária.

—   Mas Echardo conhece um segundo nascimento: é quando diz que a alma é o lugar desse nascimento divino que se processa e completa em Deus mesmo desde a eternidade. “O Pai gera o Filho como seu igual… Mas digo ainda mais: Ele o gerou na minha alma… Nesta geração espiram o Pai e o Filho o Espírito Santo… Tudo o que o Pai pode realizar ele gera no Filho a fim de o Filho o gerar na alma… Assim a alma se torna uma divina morada da eterna divindade” (Pfeiffer, 205, 165, 215).   Mas se esta geração trinitária íntima se consuma na minha alma, então Echardo acrescenta conseqüentemente: “Eu sou uma causa de Deus ser o que é; pois se eu não existisse não existiria Deus” (PfeifFer, 2S3). Afirmação esta ótima a provocar uma errônea interpretação panteísta! Mas o em que Echardo pensa é na idéia de nós mesmos, no “modo não-gerado pelo qual somos eternos e devemos perdurar eternos” (1. c). “Pois se a criatura não existia em si mesma, como agora, é que existia antes do começo do mundo em Deus e na sua mente” (Pfeiffer, 488). Todas as cousas existem em Deus sob essa forma ideal de ser; mais imediatamente em Deus Padre: “No centro da Paternidade… existem todas as folhinhas de relva, a madeira e a pedra e todas as cousas” (PFeifFer, 332). Aqui reaparecem as praeconceptiones divinae, a “realidade preconcebida”, como se exprime Echardo na seqüela do PseudoDio-nísio; em suma, todo o mundus intelligibilis. E se Deus gera o Filho como seu Verbo, em quem ele se exprime com todas as realidades nele inclusas; ou, como “a imagem e, portanto, como o seu ser eterno que nela está, que é a sua forma permanente em si mesmo” (1. a), então somos “nós” evidentemente a causa de Deus. Mas essa cansa não é o nosso nós criado, senão a idéia do nosso eu existente na mente divina, nem mais nem menos do que nele existem todas as demais idéias constitutivas da essência de Deus. Nada disto nos deve admirar, pois tudo não passa de uma aplicação das especulações sobre o Logos, tradicionais desde Eilo. Para a ética de Echardo estas idéias assumem grande importância, pois delas resultam para cada homem uma imagem em Deus, um eu eterno e, melhor, um ego archetypus, nossa medida e nossa lei eterna. Isso debuxa um leito para a corrente dos atos do nosso ser pessoal e da nossa vida, que a reconduz ao oceano da divindade donde ela outrora derivou.

??) Scintilla animae. — Mas como se manifesta em nós esse mundo das idéias e do eu ideal existente no Verbo eterno? Echardo diz: temos um acesso imediato para ele na scintilla animae, ou castelo da Alma ou arca mentia, como também lhe chama. Muito se escreveu a este respeito, talvez muito inutilmente, o que também não é para admirar. Mas o decisivo nisso tudo é a idéia da participação. Echardo sabe o que há de divino no homem. Crê com Agostinho, que Deus nos é mais íntimo que nós mesmos. Esta palavra de Agostinho deveria ter sido a melhor elucidação da scintilla animae.

Mas Echardo conhece também a diferença entre o humano e o divino. Por isso declara ao escrito da sua defesa: Se a alma fosse apenas isso, então seria incriada. Mas participando de Deus, nela permanece o divino, a scintilla animae; é pois criada, por participar de Deus e não ser divina. Na linguagem do Aquinate isto quereria, mais rigorosamente, significar a Synteresis ou o habitus principiorum (cf. sup. 158 s.); na da filosofia moderna dos valores, o sentimento do valor. É esse o ponto em que o homem, meio-termo entre dois mundos, tem a consciência de ser algo pertencente a Deus por uma autêntica participação.

??) Cristo — Uma segunda e mais intuitiva via para o nosso melhor eu, Echardo a encontra em Cristo, em quem o Verbo se fez carne. Ambos esses caminhos também os trilharia o CUSANO, que os aprendeu de Echardo.

d)    I n f 1 u ê n c i a

Echardo veio a ser o que realmente queria ser — um mestre na vida. Suas idéias encontram acolhida no mais amplo círculo de pessoas. Sua ordem, evitando-lhe as proposições censuradas, prosseguiu, com muitos dos seus membros, na mesma linha do seu espírito. Os dois mais importantes foram os seguintes. JOÃO Tauder (+ 1361) em torno de quem se reuniram os amigos de Deus, seculares e regalares atraídos pela mística, sobretudo nós conventos renanos de religiosas; a sua força de vontade e de vida interior produziu ainda impressão sobre Lutero. Depois, Henríque Suso (+ 1366), o cantor da eterna sabedoria; nele especulação e sentimento mutuamente se fecundam, como é típico da mística escolástica. Na linha mística de EChardo se colocam além disto a Teologia alemã escrita por Lutero e as obras de João RUSbróquio (João van Ruysbroek) (+ 1381), cujo discípulo, Geegroote fundou a Congregação dos Irmãos da Vida Comum.  Num dos seus conventos, em Deventer, foi educado o jovem
NlCOLAU DE CUSA.    No  Século 19 FRANCISCO VON BaaDER de novo chamou   a  atenção  para   Echardo,   como   o  espírito  central da mística medieval.   Hegel então o exaltou como o herdeiro da especulação”’.   A descoberta das suas obras latinas por H. DeNifle rasgou novos horizontes para as investigações  modernas sobre ele.

Fonte:  HISTÓRIA DA FILOSOFIA NA IDADE MÉDIA, Johannes HIRSCHBERGER

Biográfico Panorâmico em São Paulo

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O trabalho biográfico de base antroposófica busca clarear o sentido da vida, a missão de vida, através do resgate de fatos da vida. Entender a própria história permite transformar o presente, e viver em plenitude dentro da missão de vida que escolhemos para nós mesmos.

O trabalho biográfico lança mão de reflexão individual, resgatando os fatos do passado de cada um; da partilha desses fatos em grupo, onde muitas vezes o outro funciona como espelho; e através da arte, que é a forma de expressão pela qual o Eu interior melhor se expressa. Assim jogamos luz em nossas vivências, e percebemos como nosso destino se manifesta, para podermos fazer as mudanças necessárias em nossas vidas para agir de acordo com ele e sermos mais felizes e saudáveis.

A síntese da programação é a seguinte:

* informação sobre as fases da vida, as leis biográficas;
* contato com o próprio corpo: danças circulares;
* contato com o inconsciente: atividades artísticas (aquarela e colagem, a princípio), conto de fadas;
* reflexão individual: a escrita da vida;
* reflexão em grupo: contando a própria história;
* eu hoje: identificando a minha pergunta;
* pensando o amanhã: projetando metas para a minha vida.

Em São Paulo, de 6 a 9 de agosto de 2009, no Centro Paulus, em Parelheiros.

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Coordenadores:

  • Rosângela Cunha

Psicóloga, Gestalt-terapeuta e Terapeuta Biográfica

  • Marcelo Guerra

Médico Homeopata e Terapeuta Biográfico

Escreva para santana@terapiabiografica.com.br ou marceloguerra@terapiabiografica.com.br para mais informações. Ou ligue para falar com um de nós:

(11)3070-8982, Marcelo (deixe mensagem de voz com seu número, se estiver indisponível no momento)

(32)8887-8660, Rosângela

Investimento:  R$1240,00 ou 4x R$310,00;

A confirmação da inscrição é feita mediante o depósito da primeira parcela. O preço inclui os honorários, o material a ser usado nas vivências, a hospedagem em apartamento individual com alimentação completa durante o período do workshop, e os custos com a divulgação.

Curso de Biografia Pessoal em Juiz de Fora

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Em Juiz de Fora, de 20 a 23 de agosto de 2009, no Seminário da Floresta.

Coordenadores:

  • Rosângela Cunha

Psicóloga, Gestalt-terapeuta e Terapeuta Biográfica

  • Marcelo Guerra

Médico Homeopata e Terapeuta Biográfico

(Formação Biográfica – Minas Gerais – Escola Livre de Formação Biográfica
Membro do International Trainers Forum em conexão com a General Anthroposophical Section of the School of Spiritual Science do Goetheanum – Dornach/Suiça.)

Escreva para santana@terapiabiografica.com.br ou marceloguerra@terapiabiografica.com.br para mais informações. Ou ligue para falar com um de nós:

(21)7697-8982, Marcelo

(32)8887-8660, Rosângela

Investimento:

  • até 30 de junho – R$980,00 ou 4x R$245,00;
  • até 31 de julho – R$1050,00 ou 3x R$350,00;
  • até 20 de agosto – R$1150,00 ou 1xR$370,00 + 2x R$390,00

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