Transformando o destino com as próprias mãos

ubirajara

A coleguinha Itala Maduell mistura ficção e vida real, numa excelente reflexão em torno de um brasileiro admirável e um filme premiado. Não deixe de ler.

O milionário, o escriturário e a chuva

Itala Maduell

“Quem quer ser um milionário?”, o filme campeão do Oscar, conta a saga do indiano Jamal Malik, um simpático vira-latas, simples garoto do chá de uma empresa de telemarketing, marcado pela infância sofrida da favela, sobrevivente de tragédias cotidianas, sustentado por golpes e biscates, que, da noite para o dia, passa a homem do milhão, ao vencer um programa de perguntas e respostas da TV usando apenas o que aprendeu na rua da amargura. Sorte dele. Sabia as respostas.

A história do brasileiro Ubirajara Gomes da Silva tem alguma semelhança com a do protagonista da ficção. Filho de militar com garçonete, não conheceu nenhum dos dois. Cresceu num orfanato e, depois, na casa da avó com quatro irmãos. Aos 15, saiu de casa, fugindo de maus-tratos. Por 12 anos dormiu em bancos de praça de Recife. Vivia de pequenos bicos. Foi auxiliar de pedreiro, contínuo, biscateiro. Fazia uma refeição por dia, tomava banho no Mercado Público. Até que, aos 27, ficou famoso – não tanto quanto o indiano alçado a celebridade, mas o suficiente para ser notícia nos jornais, reconhecido nas ruas de Recife, homenageado na Assembléia Legislativa e indicado como cidadão que Faz Diferença, em prêmio do Globo.

O feito do brasileiro foi ter se metido a fazer – e ter passado – em quatro concursos públicos. Foi aprovado para o IBGE, a Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf), o Laboratório Farmacêutico de Pernambuco (Lafepe) e o Banco do Brasil. Neste último, Ubirajara disputou a vaga com 19 mil pessoas. Acertou 116 das 150 questões da prova. Mérito dele. Sabia as respostas.

O primeiro emprego de carteira assinada da sua vida é o de escriturário. E assim Ubirajara passou à casta superior dos cidadãos com carreira sólida e estabilidade – o sonho dourado de milhares de brasileiros, que lotam as salas dos cursinhos preparatórios.

Criados na porção miserável de seus países, sem pai nem mãe, à beira da marginalidade, ambos foram capazes de mudar seus destinos. Suas traumáticas experiências de vida motivaram a virada. Mas, enquanto na fantasia o indiano tira a sorte grande por desígnio de Ganesha – o deus do conhecimento, aquele que remove os obstáculos -, na vida real Ubirajara chega lá por mérito próprio, por abnegação. O morador de rua terminou o ensino médio fazendo supletivo noturno e se preparou para os concursos pesquisando em bibliotecas públicas e em sites na internet, que acessava de lan houses.

Tal como Ubirajara no banco da praça, parte significativa dos alunos da rede pública de ensino nacional está ao relento, literalmente sob a intempérie, como mostrou reportagem do GLOBO no domingo. Livros, carteiras e mesmo alunos são amontoados sob chuva e sol em corredores ou galpões insalubres. Falta teto onde os brasileiros deveriam ter a chance de “sair da chuva”, de ter assegurado o direito a ser alguém na vida. Que Ganesha os proteja.

Fonte: Ancelmo.com, O Globo

Tecendo o fio do destino – versão 2009


Cada um de nós nasce com um destino, não como um livro previamente escrito em que cada ato nosso está previsto, mas como uma missão a nós confiada. Isto faz com que a vida tenha um sentido e, muitas vezes, sofremos com angústia ou depressão por não percebê-lo claramente. Os fatos de nossas vidas estão aí para que encontremos o Fio do Destino que, junto com o nosso livre arbítrio, tece os acontecimentos tanto no nosso mundo interior quanto na nossa vida nas comunidades em que vivemos.
Este curso tem o objetivo de buscar o fio do destino de cada um, desembaraçá-lo, tecê-lo de forma diferente, mais confortável, mais de acordo com o sentido que queremos dar para nossas vidas. Para isso trabalharemos com fatos de nossas próprias vidas. Este trabalho será feito com palavras e arte, como aquarela, modelagem em argila, tricô, desenho, contos de fadas, vídeos, teatro, etc. Ninguém precisa ser artista para participar, é claro. Porém será uma oportunidade de apropriar -se da sua obra mais importante: a sua história, tornando-se dono e artífice da mesma. E desta forma, acrescentar detalhes, retocar e dar acabamentos em qualquer momento da sua vida.
Muitas das questões que nos colocamos hoje são percebidas de modo diferente quando as situamos no contexto mais amplo da vida toda. A troca de experiências de vida num grupo é enriquecedora e suaviza os sentimentos ligados a essas experiências. Permite identificações além de possibilitar um olhar de fora, como quando assistimos um filme, sendo testemunhas de  fatos comuns, arquetípicos, ao desenvolvimento do ser humano.
Este é um workshop dividido em módulos independentes, com temas próprios, o que permite a entrada a qualquer momento, de pessoas que por algum motivo não puderam participar  dos módulos anteriores e que queiram integrar-se ao grupo.

Em breve, teremos a definição de datas  em que realizaremos o workshop. Fique de olho! Salve o endereço do site nos favoritos do seu navegador e nos visite. As Vagas são limitadas, e já estamos fazendo reservas.
Em Niterói: Glia Cultura e Aprendizagem

Rua Nilo Peçanha, 142 – Ingá
Em Nova Friburgo: DAO Terapias

Rua Ernesto Brasílio, 14/408 – Centro

Coordenação: Rosângela de Santa Anna Cunha e Marcelo Guerra, DAO Terapias

Contatos e informações:
Rosângela: (32)8841-8660
santana@terapiabiografica.com.br
Marcelo: (21)7697-8982 ou (22)9254-4866 (deixar mensagem de voz ou de texto)
marceloguerra@terapiabiografica.com.br

Entrevista com Joseph Campbell

Campbell

Uma Entrevista com Joseph Campbell

Escrito por Josenildo Marques

em 24 Agosto, 2007

A entrevista abaixo foi publicada no The Goddard Journal (vol. 1, nº 4) em 9 de junho de 1968. Nela Joseph Campbell fala sobre metodologia no estudo dos mitos, hinduísmo e o livro que estava para lançar: o quarto volume de As Máscaras de Deus, que é sobre o que ele chama de Mitologia Criativa. Esse livro ainda não foi traduzido para o português, portanto creio que minha tradução dessa entrevista, provavelmente a primeira a ser feita, possa oferecer uma boa introdução ao tema central do livro.

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I – Em seus estudos sobre mitologia, você tem usado seu conhecimento de psicologia e psicanálise para interpretar mitos. Você acha que mais poderia ser conseguido se houvesse maior variedade de metodologias à disposição?

C – Sou contrário a metodologias por que acho que elas determinam o que você vai aprender. Por exemplo, o estruturalismo de Lévi-Strauss. Tudo o que vai achar é o que o estruturalismo permitir que você ache. E um olhar aberto aos fatos que estão na sua frente vai ser impossível dessa maneira. Parece-me que assim ele se fecha para iluminações.

I – É culpa da metodologia em si ou da inabilidade da pessoa para usar a metodologia como uma ferramenta de maneira mais flexível?

C – Sim, sem dúvida, o caminho flexível é o mais apropriado. Você tem que saber correr, andar, parar e sentar-se. Mas se quiser ficar só sentado, então vai limitar sua experiência.

No anos 20 e 30, o funcionalismo estava na moda. Você não podia fazer comparações interculturais; você tinha que interpretar tudo de acordo com o que conhecia da cultura local. Seria como examinar o apêndice no corpo humano para determinar a condição do homem moderno. Você tem que seguir sua origem e descobrir que uso tinha em tempos remotos.

De maneira similar, muitos dos elementos de uma cultura são vestígios de usos anteriores, de funções remotas. E esses homens, por exemplo, Radcliffe-Brown, em seu livro (que considero esplêndido) sobre os habitantes das Ilhas Andamã, falha em entender aqueles mitos. Eles estão todos na frente dele e sua abordagem não responde as perguntas. Tudo que tem que se fazer é um pouco de comparações e se vai descobrir que as interpretações aparecem. Ficando preso a um método, ele limita sua visão e falha na interpretação daquela cultura.

I – Eu suponho que a tendência a totalizar a metodologia na ciência poderia ser comparada ao processo de totalização na religião, na qual a chance de uma revelação é, de alguma maneira, diminuída se não for erradicada porque as estruturas são congeladas, os rituais são congelados. E a vitalidade, o princípio interior de vitalidade, parece ficar estultificado.

C – Bem, concordo com isso plenamente. E eu acho que essa ênfase na estrutura, neste ou naquele método, é um tipo de desdobramento do monoteísmo. E noto que estudiosos judeus são mais inclinados a isso do que os outros. Ele tem que ter apenas um modo de interpretação. Veja os marxistas e os freudianos – e agora vem o estruturalismo de Lévi-Strauss, e nada mais conta. É incrível. É só a nossa panelinha aqui e qualquer prova que não se encaixe deve ser descartada. Tenho uma teoria sobre isso…

I – Lembro-me imediatamente de O Futuro de uma Ilusão de Freud, em que ele discursa sobre a origem do monoteísmo a partir da estrutura, do pai; e sabemos que as famílias judaicas trazem isso da figura paterna. Talvez essa seja uma das raízes psicológicas para esse tipo de abordagem estreita sobre a existência.

C – Exato. Em Totem e Tabu, Freud diz: “Admito que não consigo explicar as religiões matriarcais”. Esqueci a página, mas está em muitas palavras.

I – É algo que ele não consegue entender.

C – Não consegue porque o que ele está seguindo em Totem e Tabu é a horda do pai, o clã do irmão e as religiões patriarcais. Essa é a seqüência lá…Mas, e o culto à Grande Mãe?

No início, a tradição hebraica é a tradição do guerreiro-caçador, não é a de um povo sedentário que cultiva a terra e faz comércio. Entende? E é dessa última que se origina a grande civilização: agricultura, domesticação de animais, não do caçador errante. Os caçadores são todos guiados pelo princípio masculino: é o homem que traz a comida. Os povos plantadores são guiados pelo princípio feminino: a mulher é análoga à terra, que procria e nutre. Portanto, o Dr. Freud, com seu tipo de antipatia patriarcal para com o princípio feminino, não consegue lidar com isso.

I – Eu sei que não se pode ter uma ação trágica sem uma causa primordial, porque sem um objetivo não há como voltar ou até mesmo uma percepção trágica como acontece com Édipo. Não conseguiria imaginar Édipo Rei sendo escrito por um chinês, ou não poderia imaginar algo como Édipo Rei saindo da cultura oriental. Como você explica isso?

C – Tive uma experiência interessante sobre isso. Quando estava na Índia, associei-me por algum tempo a uma companhia de teatro de vanguarda em Bombai que se chamava Unidade de Teatro. Era uma companhia constituída de indianos não-hindus em sua maioria. O colega encarregado da companhia tinha origem árabe e seu associado mais próximo era um judeu indiano. Há uma antiga comunidade judaica na Índia. Muito dos participantes eram parsis. Adivinhe o que estavam apresentando? Estavam apresentando Édipo Rei. Eles tinham sua clientela, que já estava acostumada a assistir o que estavam apresentando. Eu os assisti quando se apresentaram a seu público em Bombai e, alguns meses depois, quando eu estava em Nova Délhi, eles chegaram e apresentaram Édipo Rei a um público totalmente hindu.

Você não acreditaria! Eu estava lá sentado, já tinha estado na Índia o tempo suficiente para entender o ponto de vista do público – e que horror! Aquelas pessoas estavam completamente chocadas. Eu nunca tinha visto tamanho tapa na cara do público. Eles nunca tinham visto uma tragédia grega; nunca tinham visto uma; não sabiam nada sobre a tradição grega.

A ênfase na Índia é para eliminar o ego: ele não existe. Em sânscrito, não há nem mesmo uma palavra para indivíduo. Os indianos não são indivíduos. São membros de uma casta, são membros de uma família. Eles estão em certos grupos etários; e têm certo temperamento; tudo isso são coisas genéricas. Mas lá estava aquela coisa pessoal do tipo mais violento e a quebra de tabus. O público ficou horrorizado.

Você podia ver que era uma absoluta violação de tudo que já pensaram ver no teatro, em qualquer nível, porque não existe algo como a tragédia no Oriente. Como pode existir uma tragédia quando se acredita na reencarnação? A dramaturgia oriental é um tipo de teatro de conto de fadas: nuances amorosas e situações divertidas, mas nada muito sério. Aquele que sofre na tragédia oriental é aquele quem tem que sofrer de qualquer forma. É esse corpo impessoal. Deixem-no ir – quem se importa?

O herói, o tema enfatizado na mitologia hindu, não é a pessoa; é o Shiva reencarnado que nasce e morre. E os gregos transferem isso para a pessoa. No Oriente, a pessoa que falha na sua jornada é um palhaço, um louco. No Ocidente, é um ser humano.

Lembro que, muitos anos atrás, quando eu estava escrevendo o Herói de Mil Faces, quando quer que eu quisesse um exemplo de fracasso, tinha quer dar um exemplo grego. Por que os heróis gregos são aqueles que sofrem. Os heróis orientais são aqueles que estão na jornada através do mito.

I – Estou tentando me lembrar de um exemplo oriental da tragédia grega.

C – Você quer dizer algo que poderia nos dar um tapa na cara como Édipo Rex fez com os hindus?

I – Sim. Lembro-me que, embora não seja um paralelo, no curso da tragédia de Beckett Esperando por Godot. Para mim, a tragédia nessa peça está no público. Beckett tirou tudo, exceto o trágico, e deixando o trágico, só ele resta. É apresentado só o básico, tão completamente reduzido que a ofensa se torna devastadora.

C – Bem, posso dar um exemplo do que tocar o público ocidental tão forte quanto a tragédia ocidental que aquele público hindu assistiu, e é o sacrifício ritual hindu. Num desses sacrifícios, por exemplo, alguém tem que tirar a pele de uma cabra e tem que tomar cuidado para que a cabra fique viva até que a pele seja totalmente tirada.

I – Esse exemplo seria bom.

C – Esse seria, não seria?

I – E a mitologia africana?

C – Ah, é uma mitologia rica. Os treze volumes de Frobenius – The Atlantis – é magnífico. Muito rico.

I – Você fez algum trabalho nessa área?

C – Ah, sim, muito. Mas ela ainda não foi bem coligida em inglês. Os alemães e os franceses fizeram melhor, eu acho, do que os ingleses. A Inglaterra estava mais, sabe, no Congo, com armas e câmeras…

I – Stanley e Livingstone…

C – Sim. Os alemães e os franceses foram até ela. Agora os ingleses estão indo. Para mim, a coisa mais interessante nos estudos africanos recentemente é esse alinhamento da cultura nok com a cultura effie, validando a intuição que Frobenius tinha no início do século, da antiguidade daquele complexo cultural na África ocidental, datando-o em cerca de 1000 a.C. Frobenius foi o primeiro a reconhecer e estudar a África como uma unidade histórica, não apenas como um bando de tribos selvagens.

Por que Frobenius ainda não foi traduzido para o inglês?

C – Eu descobri Frobenius no período em que estava lendo como um louco durante a Grande Depressão, antes de 1932. Por volta de 1939, estava tão entusiasmado que entreguei os livros de Frobenius ao meu agente literário para ver se conseguíamos um editor. Tenho as cartas desses editores: “talvez interessem a alguma universidade afro-descendente, mas…” Por isso Frobenius ainda não foi traduzido. Mas o verdadeiro motivo é que a Sociedade Antropológica Americana não concordava com as proposições dele – ela é um desses grupos monoteístas. Frobenius defendia a idéia da difusão; ele era um difusionista, que é um palavrão para a Sociedade Antropológica Americana. E esse homem que era grandemente respeitado na Europa é desconhecido aqui.

Tenho uma amiga que escreveu livro sobre questões políticas internacionais e foi a um editor que conheço muito bem. O livro foi rejeitado por esse editor porque ela só citava Frobenius.

I – Estou curioso para ver seu quarto volume.

C – O quarto volume vai sair no dia 20 de maio. Daqui a um mês depois de amanhã – e acredite – estou contente. Trabalhei nele por quatro anos. Demorou um ano para os editores conseguirem publicá-lo. Foi um pouco complicado, mas não vai saber quando lê-lo.

I – Você poderia falar um pouco do que trata neste volume?

C – Claro. É um livro que trata do que eu chamo de mitologia criativa. Na mitologia tradicional, à qual os três primeiros volumes são dedicados – a primitiva, a oriental e a ocidental – os símbolos mitológicos são herdados pela tradição e o indivíduo passa pelas experiências como planejado. Um artista criativo trabalha de maneira inversa. Ele passa por uma experiência de alguma profundidade ou qualidade e procura as imagens com as quais representá-la. É o caminho inverso. Por isso o título do livro é Mitologia Criativa.

Ele trata do primeiro problema que é a experiência estética, que eu chamo de “apreensão estética”, e então apresento uma análise da tradição imagética que os artistas modernos europeus herdaram. Temos a antiga tradição da Idade do Bronze; temos as tradições semita e hebraica; temos as tradições clássicas gregas. Também temos as tradições dos cultos de mistério e a tradição gnóstica; temos a tradição muçulmana, que era muito forte na Idade Média; temos a tradição celta e germânica e assim por diante. Esse é todo o vocabulário; é um tesouro maravilhoso no qual o artista vai buscar suas imagens.

De fato, elas vão coagular com ele se ele for um homem meio letrado. As imagens virão e vão se combinar com o que ele está dizendo. E eu cito como meu documento principal a tradição da literatura secular européia dos séculos XI e XII. Para juntar tudo isso, peguei a literatura que lidasse com temas comuns. Os dois temas comuns que, para mim, parecem apresentar uma influência dominante na escritura européia ocidental são o tema de Tristão e o do Santo Graal

. Começo com um grupo de escritores do fim do século XII e início do século XIII. Aí apresento ecos deles, primeiro em Wagner; depois a constelação em volta dele: Schopenhauer e Nietzsche; e seguindo até, é claro, Mann e Joyce

. Então, de maneira geral, vou e volto com o tema da terra devastada.

Rapaz, não é excitante? Esse conflito entre autoridade e experiência individual. Esse é meu tema principal do começo ao fim. E com ele vem a afirmação do indivíduo em sua experiência individual que só é possível hoje no mundo ocidental. Nossa religião foi importada do Levante com seu autoritarismo e até mesmo com a revolução protestante, que foi um tipo de triunfo do espírito individualista europeu, ainda apegado à Bíblia, então você tem que acreditar naquela coisa estúpida escrita Deus-sabe-quando. Mas a verdadeira literatura secular se desliga disso. E esse desligamento acontece com o Graal. É claro que ela começa a florescer justamente na época de Inocêncio III, o mais autoritário dos autoritários, mas acabou – parou bem ali, por volta de 1225-1230. A Inquisição é trazida à baila em 1232 e aí temos que esperar. E aí acontece a grande mudança. É claro que aí tenho que fazer uma ponte. Tenho que ir do começo ao fim. Mas é incrível o quanto devemos a uns poucos que fizeram tudo o que temos, que tiveram a coragem de dizer ‘vocês estão errados’. Eles são meus heróis. Mas temos também uma heroína, a primeira, e é ela quem começa tudo, seu nome é Heloísa. A Heloísa de Abelardo, ela é a rainha do livro. Em suma, é isso.

I – Você achou difícil juntar todas essas coisas e chegar a essas conclusões?

C – Ah, não, nenhum problema; foi o material mitológico que me mostrou tudo isso. Não tive problemas em compor as idéias desses livros porque tenho lido esse material por literalmente quarenta anos. O problema foi comprimir tudo em quatro volumes. Minha intenção inicial era um volume, e foi isso que combinei com a Viking Press. Minha cabeça estava estourando e me lembro vividamente que, num dia de manhã, acordei às quatro da manhã sabendo que eram quatro livros, sabendo sobre o que tratariam, engatinhei para fora da cama, de cabeça, para não incomodar minha esposa, e fui ao quarto de estudos e planejei a coisa toda.

I – Engraçado que tanto William James quanto Freud tiveram experiências semelhantes quando estavam nessa fase criativa. Freud acordou às duas da manhã e James, às três.

C – E eu, às quatro…está vendo?…Por isso eu tinha mais a dizer!

Além disso, permito-me ir mais passionalmente do que ia nos livros anteriores porque realmente penso que o clero merece uma boa sova. Eles sabem que o que eles estão ensinando já ficou para trás, mas ficam tentando trazê-lo de volta. Recentemente tenho tido experiências bem agudas nesse contexto. Aqui estou eu, alguém cuja vida toda foi dedicada à mitologia, e a igreja agora, parece, está interessada em mitologia. Então eles me convidam para esses diálogos e triálogos e tetrálogos e assim por diante. E quando coloco o que considero o credo tradicional cristão, até mesmo os padres anglicanos levantam suas mãos e dizem, “Ah, mas não acreditamos mais nisso”.

Mas eles ainda continuam com aquele livro. O que eles acreditam agora é no amor e na humanidade e tudo isso. Eu digo a eles: bem, você acha isso nos Upanishads, em Lao-Tsé; você pode achar isso em qualquer lugar, então qual é a sua declaração? Eles continuam afirmando que são únicos. Ora, São Tomás de Aquino disse que até um grego acreditava em Deus, mas um grego não acreditava que havia um pai, um filho e um espírito santo; que o filho tornou-se homem e foi crucificado e através dessa crucificação redimiu o homem do pecado original. Coloquei isso há apenas cinco dias e o bispo Fulano de Tal disse, “Ah, mas não falamos mais assim”.Então, o que dizem? Ainda assim, eles continuam com aquela reivindicação. Estão protegendo sua fé, estão mesmo – isso é engraçado. Esse movimento ecumênico na Igreja Católica é uma piada porque estão se apegando a sua exclusividade. Estão tentando dizer, sem dizer abertamente, que você tem quer ser batizado para ser salvo – não podem dizer algo diferente e continuar sendo católicos.

O homem é redimido pelo sacrifício de Cristo; participa-se do sacrifício participando dos sacramentos, que foram fundados pelo próprio Cristo e, fora disso, “fora da igreja não há salvação”. E com relação aos protestantes, sempre me lembro do personagem Stephen Dedalus de James Joyce, que diz no final do Retrato, quando lhe perguntam “Você vai se tornar um protestante?”, e ele responde, “Perdi minha fé, mas não perdi o respeito por mim mesmo”.

Como Adotar uma Criança

A maioria dos brasileiros não tem conhecimento dos caminhos corretos para a adoção. Mais de 37% procurariam uma criança em maternidades e em hospitais e 28% pesquisariam em abrigos. Apenas 35% das pessoas recorreriam ao local adequado – as Varas da Infância e da Juventude em todo o país.

Os dados fazem parte da pesquisa Percepção da População Brasileira sobre a Adoção, divulgada ontem pela Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) e que faz parte da segunda etapa da campanha “Mude um Destino”.

Principais Dúvidas

O site do Projeto Recriar registra as principais dúvidas sobre adoção. Veja algumas das respostas

Quem pode adotar?

Pessoas maiores de 21 anos, solteiras, casadas, separadas, viúvas, ou que convivam maritalmente, padrastos e madrastas, desde que sejam pelo menos 16 anos mais velhos do que a criança ou adolescente. Avós e irmãos da criança não podem adotar, mas podem pedir a guarda ou tutela da criança ou adolescente na Vara de Família.

Onde e como se pode recorrer à adoção?

A única maneira permitida por lei para se adotar uma criança ou adolescente é fazendo solicitação junto à Vara de Adoção (Juizado da Infância e Juventude).

É caro adotar uma criança ou adolescente?

Não. Todo o processo de adoção do Juizado da Infância e Juventude é gratuito.

É perigoso receber uma criança diretamente da mãe biológica ou de terceiros, sem a intervenção do Juizado da Infância e Juventude, com a finalidade de criá-la?

Sim. Muitas vezes pessoas inescrupulosas usam esse artifício para extorquir e chantagear as pessoas que de boa-fé receberam a criança.

Pode-se registrar uma criança como filha sem recorrer ao Juizado da Infância e Juventude?

Não, isso é ilegal. É crime punível com reclusão de dois a seis anos (artigo 242 do Código Penal). O registro em cartório pode ser cancelado a qualquer momento, dando aos pais biológicos o direito de recorrer à Justiça para reaver o(a) filho(a).

Concluída a adoção, existe a possibilidade de os pais adotivos perderem a criança para os pais biológicos?

Não. A adoção concedida pelo juiz não tem volta e garante ao filho adotivo os mesmo direitos do biológico, inclusive os de nome e herança.

Fonte:

www.projetorecriar.org.br

Tecendo o Fio do Destino

“Destino?

Agulha no palheiro

onde o homem se procura

O tempo inteiro”

Lindolfo Bell

A Escola do Vale, em Duas Barras (RJ) convidou-me para realizar este seminário para suas professoras e iniciamos no sábado, 16 de fevereiro de 2008, às 14h. O próximo encontro será dia 15 de março, às 14h.

Novo grupo no Rio de Janeiro, começando no dia 10 de maio de 2008, sábado, às 14h, à Rua Pereira da Silva, 135, Laranjeiras. INSCREVA-SE JÁ!

PALESTRA INTRODUTÓRIA GRATUITA NO DIA 3 DE MAIO DE 2008, ÀS 9H.

Cada um de nós nasce com um destino, não como um livro previamente escrito em que cada ato nosso está previsto, mas como uma missão a nós confiada. Isto faz com que a vida tenha um sentido e, muitas vezes, sofremos com angústia ou depressão por não percebê-lo claramente. Os fatos de nossas vidas estão aí para que encontremos o Fio do Destino que, junto com o nosso livre arbítrio, tece os acontecimentos tanto no nosso mundo interior quanto na nossa vida nas comunidades em que vivemos.

Este curso tem o objetivo de buscar o fio do destino de cada um, desembaraçá-lo, tecê-lo de forma diferente, mais confortável, mais de acordo com o sentido que queremos dar para nossas vidas. Para isso trabalharemos com fatos de nossas próprias vidas. Este trabalho será feito com palavras e arte, como aquarela, modelagem em argila, tricô, desenho, contos de fadas, vídeos, teatro, etc. Ninguém precisa ser artista para participar, é claro.

Muitas das questões que nos colocamos hoje são percebidas de modo diferente quando as situamos no contexto mais amplo da vida toda. A troca de experiências de vida num grupo é enriquecedora e suaviza os sentimentos ligados a essas experiências.

O curso será coordenado por Marcelo Guerra, Médico Homeopata, Terapeuta Biográfico em formação. Terá a duração de 10 encontros mensais e um novo grupo começará no Rio de Janeiro, a partir de 10 de maio de 2008. O investimento para cada módulo será de R$100,00 (já incluído o material). As vagas são limitadas e as inscrições e mais informações podem ser obtidas pelos telefones (21)3717-5215, (22) 8112-4983 ou pelo e-mail marceloguerra@terapiabiografica.com.br

Cada um hospeda dentro de si uma águia. Sente-se portador de um projeto infinito. Quer romper os limites apertados de seu arranjo existencial. Há movimentos na política, na educação e no processo de mundialização que pretendem reduzir-nos a simples galinhas, confinadas aos limites do terreiro. Como vamos dar asas à águia, ganhar altura, integrar também a galinha e sermos heróis de nossa própria saga? (Leonardo Boff)

Entrevista com a Dra. Gudrun Burkhard

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(Entrevista publicada no jornal Folha de São Paulo, suplemento Equilíbrio, em 25/1/01)

Quem é ela

Nome: Gudrun Burkhard.
Idade: 71 anos.
Profissão: Médica antroposófica, clínica-geral e terapeuta biográfica.
O que faz: Dá cursos de biografia humana para terapeutas e médicos no Brasil e na Europa.
Filosofia de vida: A cura das doenças só acontece quando o homem consegue mudar seus hábitos e harmonizar os lados intelectual e afetivo.

A idéia de que desequilíbrios da vida cotidiana contribuem para que doenças apareçam e influem na cura já foi incorporada pelo estabelecimento médico. Mas, quando se formou em medicina pela USP em 1954, a médica paulista Gudrun Burkhard teve de ir até a Suiça para estuda e como cabeça e corpo caminham lado a lado na busca pelo bem-estar. De lá para cá, Burkhard virou um dos gurus da medicina antroposófica no Brasil, fundou duas clínicas, escreveu 12 livros e formou dezenas de discípulos. Aos 71 anos, continua reclamando que a medicina clássica não enxerga o homem como um todo e insiste que mudanças de hábito são tão importantes para a cura quanto remédios de última geração. Leia abaixo os principais trechos da entrevista.

Folha – Como você entrou em contato com a Antroposofia?

Gudrum Burkahard – Quando me formei em medicina pela USP, em 1954, achei que precisava completar a formação clássica que havia recebido na faculdade. Nós tínhamos uma visão unilateral das doenças e da cura, sem considerar a individualidade de cada paciente, ignorando que o homem não era só um corpo físico, que ele também sentia, pensava e agia. Pouca gente na época dava importância à influência de fatores psicológicos no desenvolvimento da doença e na busca da cura. Fui, então, para a Suíça, onde havia uma clínica que já trabalhava com medicina antroposófica desde a década de 20. Fiz minha pós-graduação lé e, em seguida, voltei ao Brasil e comecei a atender em consultório particular.

Folha – Quem eram seus pacientes?

Burkhard – Eu atendia basicamente doentes crônicos, com câncer, esclerose múltipla, que não se sentiam satisfeitos com a resposta dada pela medicina clássica. Atuava também como clínica-geral, atendia do bebê ao avô. Em 69, fundei com meu marido a Clínica Tobias, só de medicina antroposófica. Lá, os pacientes crônicos ficavam semanas internados para revitalização e desintoxicação alimentar. Como o número de pacientes com estresse cresceu muito, abrimos outra clínica em 83, a Artemísia, para atender quem precisava de descanso e revitalização para resgatar a própria vida.

Folha – Como é o trabalho na Artemísia?

Burkhard – Os pacientes vão para lá para fazer o biográfico, que é um processo terapêutico no qual eles revêem seus passos de maneira que possam trilhar melhor o futuro. Também passam por reestruturação alimentar para desintoxicar o corpo e por outras terapias, como massagens e compressas.
Folha- A alimentação é tão importante assim?

Burkhard – As pessoas devem se alimentar de acordo com o estilo de vida que levam, e a dieta deve ser adequada ao trabalho. Não é tão importante quanto você come, mas o que come. Quem faz um trabalho mais intelectual não deve comer frituras nem carnes porque o organismo fica ocupado com a digestão e a cabeça não funciona tão bem. Essas pessoas devem comer grãos integrais e alimentos ricos em vitamina D e fósforo. Já quem trabalha mais com o físico deve adotar uma diética energética, abusar de massas e outros alimentos ricos em hidrato de carbono e com muita vitamina B.

Folha – Maus hábitos no dia-a-dia adoecem alguém?

Burkhard – Claro. Alimentação errada, falta de equilíbrio entre o lado afetivo e o profissional, uma vida cheia de conflitos, tudo isso influencia a saúde física do homem. Os desequilíbrios provocam distúrbios psicossomáticos, que podem resultar em estresse ou até câncer. A doença aparece para alertar que existe um desequilíbrio, e só o uso de remédios não vai resolver o problema. É preciso mudar os hábitos. Só que a maioria das pessoas ainda não se dá conta da importancia de os vários campos da vida estarem em harmonia. Tem gente que desenvolve muito o plano intelectual, mas deixa o sentimental de lado. Essa desarmonia cria espaço para que as doenças apareçam. Para ser saudável, é preciso descobrir se a pessoa obtém realização pessoal no trabalho, nas relações familiares, se ela tem tempo para fazer as coisas de que gosta ou se vive sempre em conflito.

Folha – Se a doença levar a hábitos mais saudáveis, então ela não é de todo ruim…

Burkhard – A doença é um alerta para mudar o ritmo do dia-a-dia. Fatores psicossomáticos afetam o corpo físico, a doença se manifesta, e a pessoa é forçada a dar uma parada obrigatória. O ideal seria que fizéssemos pequenas paradas espontâneas para ver como está a vida, mas ninguém faz isso. Quem leva uma vida cheia de desarmonia e não pára de vez em quando para corrigir o caminho que está trilhando termina sendo obrigado a parar quando a doença surge. Essa parada pode ser uma grande oportunidade para olhar para trás e ver o que está em desacordo com os desejos da pessoa.

Folha – E como se dá a cura?

Burkhard – O processo de cura começa com a busca do conhecimento interno, que é feito com o biográfico. Também damos aos pacientes a oportunidade de se expressarem pela pintura, modelagem, música. Cada um vai descobrindo aquilo que gosta, o que incomoda. O biográfico não é só uma forma de diagnóstico, é um processo altamente terapêutico. O autoconhecimento é fundamental para conseguir bem-estar e saúde. Você precisa conhecer as diversas paisagens por onde já passou para poder redirecionar o futuro adequadamente.

Adote uma Criança, Mude um Destino


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A AMB, Associação dos Magistrados do Brasil, lançou uma campanha para estimular as adoções em todo o Brasil, através da sensibilização dos juízes para agilizarem os processos. A campanha chama-se Mude um Destino.

O problema da adoção se agrava quando as crianças têm mais de um ano de idade, são negras, têm irmãos na mesma situação ou apresentam algum problema de saúde. Segundo a advogada Roberta Avisato , 70% dos casais presentes no cadastro nacional dos Juizados da Infância e da Juventude procuram meninas brancas, de até seis meses. A especialista atua na área Trabalhista, mas começou a defender casos de adoção, por conta de uma experiência pessoal: ainda noiva, encantou-se com um menino num abrigo para menores e ganhou na Justiça o direito de protegê-lo. Ela conta que apenas 5% dos processos de adoção que ocorrem no estado de São Paulo são realizadas por pais que podem ter filhos, mas optam por acolher uma criança.

Segundo a advogada, o primeiro passo de um casal que pensa em adoção é procurar a Vara da Infância e da Juventude de sua cidade e realizar o cadastro de adoção. Eles vão passar por entrevistas, terão seu perfil social traçado, vão apontar as características da criança de que gostariam e será aberto o processo. Quando alguma criança que atenda aos dois perfis aparecer no cadastro, eles serão chamados para conhecê-la.

Francisco Oliveira Neto, juiz da Vara da Infância e da Juventude de Florianópolis (SC), membro da Associação dos Magistrados Brasileiros e coordenador da campanha Mude um Destino da AMB, o número de adoções poderia ser maior caso diminuíssem as exigências dos casais.

– Não é a burocracia do Estado que atrasa os processos de adoção. Nos juizados, temos um livro de cadastro de pais que se dispõe a adotar e outro com as crianças dos abrigos. Fazer esse casamento é a parte mais difícil – explica Franscisco Oliveira Neto.

O juiz reforça que não há custos para o casal com o processo de adoção – a menos que eles queiram contratar um advogado particular – e que, uma vez dada a sentença, a decisão da Justiça é irrevogável: os pais biológicos perdem seus direitos sobre a criança e a identidade da família que a adotou é mantida em sigilo.

– Cumprir os procedimentos legais é a melhor forma de se proteger e dar segurança à criança. Muitos pais biológicos iniciam um processo de coação ou extorsão por sentirem que quem adota contrai uma espécie de dívida com eles – alerta.

Se as mães biológicas têm nove meses para se preparar para a chegada do bebê, com as mães adotivas o tempo de espera é incerto e cheio de dúvidas. A psicóloga e professora da PUC-RS Iraci Argimon, orienta os casais a terem uma decisão bem amadurecida, antes de procurar uma criança:

– Enquanto houver dúvidas, converse. Se o diálogo entre o casal não for suficiente, procure um especialista. Isso é um respeito com eles mesmos e com a criança – alerta. – Ela não deve vir para segurar nenhum casamento: vai ter um papel tão importante quanto o de seus pais.

Em caso de crianças maiores, essa preocupação deve estar ainda mais presente:

– As crianças costumam se vincular de forma ainda mais forte por medo inconsciente de um novo abandono. Apenas uma relação bem madura entre mãe e filho pode equilibrar essa insegurança.

Mas às vezes o destino se encarrega de antecipar os fatos. Pediatra, Maria Noemi Mac Culloch, era solteira quando recebeu, no Hospital da Funabem, em que trabalhava, um bebê abandonado pelos pais que despertou sua compaixão. Ela entrou com o pedido de adoção e conseguiu a guarda de Pedro Ivo, que hoje tem 12 anos. Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente, homens e mulheres acima dos 18 anos podem adotar uma criança independentemente de seu estado civil.

– Desde a primeira vez que o peguei nos braços, senti que era meu filho. De repente, me vi invadida de um amor muito grande por aquela criança que nunca tinha visto. Minha capacidade de amar, de me dar cresceu muito. Sinto como se ele tivesse nascido mesmo de mim, é meu filho – resume Maria Noemi.

Na minha família, tanto pelo lado paterno quanto materno, tenho vários parentes adotivos, irmãos, tios, primos, e posso dizer que o amor não é diferente em relação a um consangüíneo. Percebo que ainda existe um preconceito em relação à adoção, e muitos casais tentam deseperadamente engravidar, às vezes correndo riscos, mas não dão um passo em direção à adoção que lhes deixaria realizados como pais! Um grande abraço para Andréa, Mônica e José Victor, meus irmãos.

Aqueles que já se foram…

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O meu amor esteja contigo na região do espírito.

Deixe encontrar a tua alma

Pela minha que procura

Deixe suavizar o teu gelo

Pelo meu pensamento da tua essência

Assim estamos ligados

Eu contigo

Tu comigo.

Como alma eu não estou na Terra,

Porém na água, no ar e no fogo;

No meu fogo eu estou nos planetas e no Sol.

No meu ser solar

Eu estou no céu das estrelas fixas.

Como alma eu não estou na Terra,

Porém na luz, verbo e vida.

Na minha vida, eu estou no interior

Do Ser planetário e solar:

No espírito da sabedoria.

No meu ser de sabedoria

Eu estou no espírito do amor.

Nenhuma barreira pode separar

Aquilo que mantém unido no espírito

O resplandescente

E radiante amor

Eterno liame das almas.

Como estou eu na tua memória

Assim estejas tu na minha.

(Rudolf Steiner)

Tecendo o Fio do Destino – O Curso

 

 

Tecendo o Fio do Destino

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Destino?

Agulha no palheiro

onde o homem se procura

O tempo inteiro”

Lindolfo Bell

 

Cada um de nós nasce com um destino, não como um livro previamente escrito em que cada ato nosso está previsto, mas como uma missão a nós confiada. Isto faz com que a vida tenha um sentido e, muitas vezes, sofremos com angústia ou depressão por não percebê-lo claramente. Os fatos de nossas vidas estão aí para que encontremos o Fio do Destino que, junto com o nosso livre arbítrio, tece os acontecimentos tanto no nosso mundo interior quanto na nossa vida nas comunidades em que vivemos.

Este curso tem o objetivo de buscar o fio do destino de cada um, desembaraçá-lo, tecê-lo de forma diferente, mais confortável, mais de acordo com o sentido que queremos dar para nossas vidas. Para isso trabalharemos com fatos de nossas próprias vidas. Este trabalho será feito com palavras e arte, como aquarela, modelagem em argila, tear, desenho, contos de fadas, vídeos, teatro, etc. Ninguém precisa ser artista para participar, é claro.

Muitas das questões que nos colocamos hoje são percebidas de modo diferente quando as situamos no contexto mais amplo da vida toda. A troca de experiências de vida num grupo é enriquecedora e suaviza os sentimentos ligados a essas experiências.

 

O curso será coordenado por Marcelo Guerra, Médico Homeopata, Terapeuta Biográfico em formação. Terá a duração de 10 encontros mensais e será realizado no Instituto Gaia, à Rua Almirante Alexandrino, 2495A, Santa Teresa, Rio de Janeiro. O primeiro encontro será em 24 de novembro de 2007, de 8:30h às 17h. O investimento para cada módulo será de R$80,00 (já incluído o material). As vagas são limitadas. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone (22) 9254-4866 ou pelo e-mail marceloguerra@terapiabiografica.com.brEste endereço de e-mail está sendo protegido de spam, você precisa de Javascript habilitado para vê-lo

 

Cada um hospeda dentro de si uma águia. Sente-se portador de um projeto infinito. Quer romper os limites apertados de seu arranjo existencial. Há movimentos na política, na educação e no processo de mundialização que pretendem reduzir-nos a simples galinhas, confinadas aos limites do terreiro. Como vamos dar asas à águia, ganhar altura, integrar também a galinha e sermos heróis de nossa própria saga? (Leonardo Boff)