Tolerância e Fundamentalismo
Fundamentalismo é o termo usado para se referir à crença na interpretação literal dos livros sagrados. Fundamentalistas são encontrados entre religiosos diversos e pregam que os dogmas de seus livros sagrados sejam seguidos à risca.
O termo surgiu no começo do século 20 nos EUA, quando protestantes determinaram que a fé cristã exigia acreditar em tudo que está escrito na Bíblia. Mas o fundamentalismo só começou a preocupar o mundo em 1979, quando a Revolução Islâmica transformou o Irã num Estado teocrático e obrigou o país a um retrocesso aos olhos do Ocidente: mulheres foram obrigadas a cobrir o rosto e festas, proibidas. “Para quem aprecia as conquistas da modernidade, não é fácil entender a angústia que elas causam nos fundamentalistas religiosos”, escreveu Karen Armstrong no livro Em Nome de Deus: o Fundamentalismo no Judaísmo, no Cristianismo e no Islamismo.
Porém, não são apenas os muçulmanos que têm seus fundamentalistas, também os cristãos, os judeus e, por incrível que possa parecer, os ateus e os céticos. A atitude fundamentalista não permite diálogo, porque suas verdades são únicas e incontestáveis, e quem diverge delas é desqualificado, quando não ridicularizados ou atacados pessoalmente.
Em muitas situações podemos atuar de forma fundamentalista, excluindo a possibilidade de compreender e dialogar com o outro. Pessoas que participam de grupos de defesa dos direitos dos animais veem com imenso desprezo quem não gosta de animais. Vegetarianos podem arrepiar-se ao passar na porta de uma churrascaria. É óbvio que nem todos são fundamentalistas, graças a Deus, ou graças a Richard Dawkins.
Temos em torno de nós muitas pessoas que agem de maneira fundamentalista, quando não somos nós mesmos os fundamentalistas. Na medicina, por exemplo, ainda um grande número dos médicos alopatas desqualifica os médicos homeopatas, sem sequer querer conhecer a especialidade (sim, é uma especialidade médica reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina desde 1981), assim como muitos médico homeopatas ficam indignados se algum paciente usa algum remédio alopático, mesmo que seja numa situação em que tenha sido prescrito num atendimento de urgência. E os pais que acham que os filhos têm que viver a adolescência como se fossem adultos perfeitos? E os adolescentes que acham que os pais são extraterrestres por não conhecer aquela banda que faz sucesso “já” há 3 dias e que vai desaparecer antes de você terminar este texto, também não são fundamentalistas?
Muitas vezes nos relacionamentos a dois o comportamento fundamentalista leva a brigas, desentendimentos e até separações, pois muitas vezes um dos cônjuges quer que o(a) parceiro(a) seja exatamente como suas fantasias acham que deva ser um(a) parceiro(a) ideal.
E qual é o antídoto para o fundamentalismo? A TOLERÂNCIA. Saber que, por mais que queiramos, as pessoas são diferentes, pensam de forma diferente, mesmo quando são da mesma família. Ser diferente não deveria ser um empecilho para uma boa convivência entre as pessoas.
Tolerância e diálogo devem ser nossos lemas na relação com outros seres humanos. Esta é a base da verdadeira paz!
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